terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Viriato, chefe dos Lusitanos

No ano 147 a. C. dez mil lusitanos em fúria avançaram para o sul e dirigiram-se a uma zona dominada pelos Romanos. Queriam saquear as povoações e vingar a morte de muitos companheiros, mas quando menos esperavam perceberam que estavam cercados à distância por um anel de soldados inimigos. Que fazer?
Surgiram propostas para negociarem a rendição, ao que Viriato se opôs terminantemente.
- Comigo não contem. Prefiro lutar ou morrer.
A sua firmeza impressionou toda a gente e ele continuou:
- Se não podemos vencer os romanos pela força, vencê-los-emos pela astúcia. Ora ouçam o que eu pensei.
O plano era simples: todos os homens que combatiam a pé deviam formar grupos e a um sinal combinado, correr em direcções diferentes sem dar tempo aos romanos de se organizarem.
- Enquanto vocês rompem a barreira que nos cerca, eu e os outros cavaleiros avançamos e caímos sobre eles.
O plano foi aceite; faltava combinar o sinal:
- Fiquem atentos. Quando eu montar a cavalo, já sabem... é ordem para arrancar.
Pouco depois ecoavam gritos de guerra pelos campos, zuniam setas e lanças, por toda a parte se ouvia o tinir das espadas. Os Romanos não estavam à espera daquela táctica-relâmpago e, tal como Viriato previra, desnortearam-se. Muitos grupos de peões romperam o cerco e desapareceram, enquanto os bravos cavaleiros lusitanos, apesar de estarem em minoria e de possuírem armas mais fracas, lutavam sem cessar.
O campo de batalha ficou juncado de mortos, o próprio general romano perdeu a vida, mas não se pode falar de vitória ou derrota. Neste confronto, Viriato, mais do que vencer os Romanos, salvou os Lusitanos. A partir de então foi reconhecido e amado como chefe máximo por todas as tribos.
As mulheres sonhavam com ele, os homens admiravam-no, acatavam as suas ordens e seguiam-no com tanto entusiasmo e convicção que durante anos lançaram o terror entre as hostes inimigas. Viriato parecia invencível. E, de facto, em guerra aberta ninguém o derrubou.
No ano de 139 a. C. Viriato foi assassinado à traição, quando dormia na tenda, por três homens da sua tribo que os Romanos tinham aliciado e subornado. Os Lusitanos choraram longamente a perda daquele chefe querido e ficaram muito enfraquecidos. Quanto aos assassinos, parece que não chegaram a obter nenhuma recompensa pelo crime. Segundo consta, foram recebidos com desprezo pelo chefe romano, que lhes terá dito: «Roma não paga a traidores».
É engraçado que tudo o que sabemos a respeito deste homem, que os Portugueses consideram como o primeiro dos seus heróis, foi escrito por autores romanos. Impressionados pela personalidade forte, austera e recta do chefe lusitano, impressionados também pelo imenso valor que demonstrava na guerra, escreveram vários textos elogiosos sobre ele. Apesar de serem adversários, foram os Romanos que deram a conhecer ao mundo a figura de Viriato.
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
(Portugal, História e Lendas)

Clicando aqui poderás carregar e resolver no teu computador um puzzle que
retrata a táctica de guerra
que permitiu aos Lusitanos resistirem durante muitos anos
ao poderoso e bem organizado exército romano.

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